"É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem na sua liberdade de criação." Winnicott
Quais são os principais motivos para os pais procurarem ajuda psicológica para os seus filhos?
Suspeitas ou diagnóstico de Perturbações do Neurodesenvolvimento: As Perturbações do Neurodesenvolvimento (PND) referem-se a alterações neurobiológicas que comprometem o desenvolvimento normativo da criança. As alterações podem estar presentes desde o nascimento ou surgir em fases posteriores, e têm um impacto significativo nas áreas do funcionamento pessoal, social, académico e ocupacional, condicionando o desenvolvimento e a adaptação da criança a diferentes contextos.
Estas perturbações afetam diversas áreas, como a cognição, a comunicação, a linguagem, a motricidade, a atenção, a memória, a socialização, o comportamento, a aprendizagem escolar e a autonomia, entre outras.
Entre as mais comuns, destacam-se: a Perturbação do Desenvolvimento Intelectual, a Perturbação do Espectro do Autismo, a Perturbação da Linguagem, a Perturbação de Défice de Atenção e Hiperatividade, e as Perturbações Específicas da Aprendizagem, como dificuldades em leitura, escrita e matemática.
Sentimentos de tristeza, medos e ansiedade: Quando uma criança apresenta sinais persistentes de tristeza, medos excessivos (como medo de escuro, bruxas, monstros, de separação ou de situações específicas, outros), e ansiedade generalizada podem indicar uma predisposição para perturbações emocionais como a ansiedade ou depressão infantil.
Comportamentos desafiantes: Os comportamentos como birras, agressividade, gritos e dificuldades em controlar ações ou impulsividade. Muitas vezes, esses comportamentos ocorrem durante o desenvolvimento infantil, principalmente em idades mais precoces, mas também podem persistir ou emergir em idades mais avançadas. Quando esses comportamentos começam a prejudicar o bem-estar da criança ou preocupam os pais pela intensidade e frequência, pode ser necessário considerar várias causas e abordagens para lidar com a situação, recorrendo a um profissional qualificado.
Dificuldades académicas e sociais: Dificuldades de atenção/concentração; Desmotivação/desinteresse escolar; Dificuldades de aprendizagem; Ansiedade associada ao desempenho.
Quando esses sinais são persistentes e afetam significativamente o bem-estar da criança e a dinâmica familiar, é fundamental identificar as possíveis causas subjacentes e buscar o apoio adequado e especializado.
Dificuldades relacionais: Quando uma criança se sente isolada dos pares recorrentemente, com dificuldades nos relacionamentos interpessoais ou sofre bullying, é crucial que receba apoio para lidar com essas questões e desenvolver habilidades sociais que favoreçam o seu desenvolvimento emocional e social.
Baixa autoestima e auto-confiança: A falta de confiança em si mesma e nas suas capacidades e/ou a presença de sentimentos de inferioridade em relação aos outros.
Mudanças significativas na vida: Alterações como mudanças de país, de casa, de escola ou a separação dos pais podem ser momentos de grande stress para a criança.
Luto e situações de perda: A perda de um ente querido ou o confronto com eventos difíceis pode gerar sentimentos profundos de dor, confusão, tristeza, raiva ou comportamento regressivo.
Alterações do sono: Dificuldades para adormecer, acordar frequentemente durante a noite ou ter pesadelos recorrentes podem indicar questões emocionais subjacentes que deverão ser investigadas.
Perturbações de eliminação (Enurese ou Encoprese): A enurese e a encoprese são condições que envolvem a perda involuntária de urina e fezes, respetivamente, podendo ocorrer durante o dia ou à noite. Estas situações podem causar grande desconforto e sentimentos de vergonha na criança, afetando o seu bem-estar emocional. A psicoterapia pode ser uma ferramenta importante para compreender as causas subjacentes desses comportamentos, abordando tanto os aspetos físicos como emocionais.
Problemas alimentares: Os problemas alimentares em crianças são questões preocupantes que podem afetar o seu desenvolvimento físico e emocional. Estes problemas incluem desde a recusa em comer, dificuldades em manter uma alimentação equilibrada, até comportamentos como a compulsão alimentar ou restrições excessivas a determinados alimentos ou grupos alimentares. Fatores como pressões sociais, influências familiares, questões emocionais ou até condições médicas podem contribuir para o surgimento dessas perturbações. Caso não sejam tratadas adequadamente, os problemas alimentares podem levar a deficiências nutricionais, com impacto no crescimento e no desempenho escolar, além de outras potenciais complicações ao nível da auto-estima e da imagem corporal.